quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Assim começa...

Meu 24º aniversário: o ano em que eu encontrei o armário.

Eu poderia começar este enredo, descrevendo quem sou ou como sou. No entanto não me gabo muito dessas coisas, que julgo por demais descartáveis. Mas ainda assim, contrariando meu desejo, acabo por descrever-me na atual circunstância em que me encontro. E que fique bem claro tentarei fazê-la sem que seja muito egocêntrica, apesar de saber bem do fato de alguns me acharem muito dono de mim. Que me perdoem os "achistas", mas se eu não for dono de mim mesmo, por favor, que se apresente o meu proprietário pois ele me deve uma centena de inúmeras explicações. Pois bem comecemos da capo, e sendo assim, para esclarecer mais uma sobre a minha pessoa, não existe armário nenhum. Aqueles que me conhecem sabem bem do que falo, alias sabem tanto que se assustam a tomarem ciência da minha atual situação.
Tudo parece normal se não fosse um único detalhe, com o qual estou lidando desde o primeiro momento da descoberta: os olhos arrebatados dos meus amigos e conhecidos ao saberem da minha gravidez. Meu pai foi o melhor de todos, ficou calado durante um mês. Minha mãe dizia com os olhos estupefatos e inundados de lágrimas - esperava isso do seu irmão não de você – o choro dela escondia um misto de alegria, euforia e talvez medo. Digo talvez porquê ela ainda não acreditava, por mais que tivesse preso nas mãos o resultado do exame. É possível que vocês não tenham compreendido qual o motivo do espanto; eu, um cara de vinte e três anos, recém formado na graduação que queria fazer, com o mundo a ser desbravado, acabava de garantir minha eternidade: que problema haveria ter um filho? Ah ta, não tenho um trabalho certo?!... Enganado quem pensou neste item, mas ele não é … como poderíamos dizer? - consigo ouvir a voz daquele cara que morava nos arredores: Ele não é mocinha? Isso mesmo, por mais que na família faltassem papas na língua para fazerem esta pergunta diretamente a minha pessoa, todos guardavam consigo essa “duvida”.

Bicha, gay, viadinho, o que quiserem, nem me importo, mas por favor respeitem minha maternidade, pois ela esta cada dia mais viva.
Eu estou grávida! Você vê algum problema nisso???