segunda-feira, 1 de março de 2010

E Deus disse: faça-se a luz, e a luz foi feita!!

Depois de muito, depois de tempo... eis que surge a luz em mim...
Um anjo veio e tocou-me os lábios,
encheu meu corpo de tudo,
inundou meu peito de cor...
Elevou-me ao mais alto céu e disse:
Ave Sheyla... tu és cheia de graça
e no seu ventre repousa a bem-aventurança!
O verbo em mim se instalou, mostrando que em mim vibrava o divino.
Eu estou grávida, grávida do mundo, grávida dos homens...
O senhor fez em mim maravilhas...
e eu a coloco no mundo para que todos possam ser agraciados.

E ela vem bradando com a força da terra, dos ventos, dos raios, como a chuva que lava, fere, cura e salva. Com a força das mulheres-bicho-homem que veem em missão de PAZ e BEM!!
Evoé!!
Eparré!!!

PS: Seu nome, os puros haverão de saber!!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

E eis que de tudo nasce a flor!

Então eu me tornará mulher, havia de fato sido tomada e portanto me elevaram a mais alta patente, experimentei as formas possíveis e alcancei o inatingível: o hibridismo da contemporaneidade. Eu sou, portanto, aquela mulher que para sê-la foi e é bicho e homem, transgredindo os rótulos outorgados por uma noção, digamos, obsoleta – se é que podemos acreditar no senso comum capaz de reger qualquer idéia de noção.
Sendo assim, não quero e nem vou difundir meu fundamento com vocês, sejam bons, amigos e ou conhecidos, pois como disse, são meus e eles jamais caberiam em outro ser pensante. Não insistam por favor, meu desejo aqui é única e exclusivamente dividir o momento que estou vivendo, talvez juntar pequenos pedaços perdidos pelos caminhos e assim pensar sobre a vida. Daí entram vocês amigos, parte importante dessa trajetória, pois ao falar de vida é impossível descreve-la no singular, ela só existe no coletivo.
A mulher-bicho-homem sentiu o cheiro do divino em si, se percebeu além da matéria, entrando em contato com o lado obscuro do ato de viver, o que esta além e, não por obstante, dentro do humano. O fogo do gozo revelou em mim uma possibilidade transformadora, acordou em mim a dança cósmica abafada pelas corriqueiras tentações diárias, o sexo dos mortais despertava Shiva em mim, e ele queria dançar. Esta dança arrebataria os corações petrificados e lançaria golpes capazes de bombardear com novo sopro divino cada um que parasse para me ver, ainda que de longe. Era a metamorfose dos deuses que me habitavam e eles traziam de volta a possibilidade de acordar, com o fogo do discernimento, cada ser que se quer me ouvisse.
Nua eu recebia as pessoas e ali, na sua frente, me travestia, minha genitália desaparecia e num rápido sacrifício me deleitava, estava me assexualizando, e como uma ninfa me entrega para aquela obra onde sexo, prazer e Deus se uniam para me darem a luz. A vida nova me elevaria a redenção e nela eu só poderia existir cercada por outros seres que se aceitavam como verdadeiras criaturas divinas, alem do bem e do mal, que a cima e tudo, assumissem sua vontade amoral e mais sincera, alcançando alto grau de elevação, evolução e liberdade.
Assim, retomando o sexo da postagem anterior, percebi que tudo aquilo não era uma inocente piração minha, pois, com aquela criatura que me havia tomado nos braços e me feito mulher, a quem chamo de semi-hibrida, tive a certeza de que tudo se tratava da mais pura realidade. Realidade esta que escolhi para minha vida e não caberia em outra se quer. A partir de então seriamos marido e mulher, respectivamente, semi-hibrida e eu, Sheyla – o hibridismo in performance.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Do primeiro encontro ao coito.

E eis que neste dia a vida revelou minha missão. Envolvido ate o pescoço nos entregamos ao enlace das pernas num momento único onde nunca me sentiria tão mulher na minha vida, eu estava sendo tomada pelo braços desejosos daquela que viria a ser meu “marido”.
Era uma nas noite de ensaio do Macbeth, na UNIRIO, estávamos preparando aquela noite pois seria através das improvisações que escolheríamos as personagens. Eu faria de tudo para conquistar o papel da Lady Macbeth, adoraria fazer esse papel e já me imaginava andando por todos os lados como tal. No entanto o medo de não sei o quê da diretora me vetava sempre dessa possibilidade, mas de uma coisa tinha certeza, de que seria eu a chefe maior das famosas bruxas dessa peça temida por muitos na história do teatro.
Como vocês podem perceber pela minha escrita, não consegui o papel da Lady, mas o laboratório da noite que comecei a descrever indicou as futuras direções do que aconteceria tanto na montagem, como na minha vida. No meio de toda aquela improvisação me vejo tomado pela minha força mais que sincera e absoluta, saltando aos olhos de todos, Sheyla surge trajando um vestido vermelho e trazendo consigo um guarda-chuva aberto. Ela se equilibrava na barra de balé clássico da Sala Branca, cantarolando qualquer coisa que nem ela saberia traduzir, mas causando uma catarse que silenciava todos na sala.
Este laboratório tinha por proposta criar uma maior ligação entre toda a equipe da montagem, para tanto teríamos um ritual selando o nosso pacto regado a vinhos e guloseimas. Contudo o banquete maior e revelador aconteceu no momento e que a diva da noite entregou seu corpo aos reles mortais dispostos a tudo dentro daquela sala. Ao permitir que cada um tocasse seu corpo, suas vestes e seus cabelos, Sheyla derrama o desejo sobre cada cabeça, fazendo com que as pessoas deixassem escapar suas vontades ocultas. Ela já sabia que o papel de Lady não seria seu e assim partiu para uma ofensiva que revelava o caráter de cada um, sem meias verdades.
Sheyla ganha o título de oráculo da equipe e sempre que necessário colocaria sua verdade ante a tudo e todos, foi assim que ela conseguiu o carinho e o respeito de todos, inclusive da magnifica reitora. Mulher-bicho-homem, um ser híbrido capaz de se tornar anjo e demônio ao mesmo tempo. Mas, aquela noite seria reveladora inclusive para Sheyla.
No meio de tantos braços que enlaçavam e agarravam seu corpo, se esquivando de tantos beijos dados, roubados e negados, Sheyla foi tomada por uma volúpia que a levaria ao trono mais elevado daquela noite – parfait melánge. Havia naquela sala outro ser, talvez não tão híbrido quanto ela, mas com uma integridade e potencial avassaladores tal qual nossa diva. Não houve tempo para conversas ou galanteios, os seres precisavam tocar um ao outro, e esse toco deveria acontecer de forma absoluta. Então, diante de todos ali presentes, o real banquete foi posto a mesa, Sheyla se entregou da forma mais sagrada e sincera, em busca do espasmo mais arrepiado, gélido, tremulo e frenético que encontraria na sua vida: o sublime gozo dos mortais.
Daí em diante, Sheyla se fez mulher e ao sê-la nunca foi tão homem. Agora ela entrava numa nova vida, ou melhor numa vida de verdade. O sexo foi como o sopro divino que no mito de Adão e Eva traz vida ao homem, aqui o gozo absoluto encheu os pulmões dela de canto, de vida, de mais gozo sem fim, capaz de curar as feridas, salvar os arrependidos e a cima de tudo amar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Dos choques maiores

Vou adiante, mas prometo voltar.
Só para saber, me deixou embasbacado o preconceito.
E como se não bastasse ele vinha de todos os lados, dai constatei: os homosexuais são tão preconceituosos, ou mais, que os heteros.
Onde guardamos nosso pré-conceito??
Pronto disse!!!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Préfacio - de mim por mim mesmo

Talvez assim eu me apresente melhor ...
E se um dia eu acordasse e percebesse que o mundo ao meu redor girou um tempo a mais, percebesse que o tempo se adiantou e todo o premeditado e preconcebido estivesse agora tendo que ser revisto. Hoje é como se por ironia do destino eu tivesse que rever e repensar todas as minhas escolhas, cada passo requer o cuidado absoluto de não ferir a si mesmo e por consequência os outros. Meus pés me guiam para o meu próprio abismo e é nele que eu poderei encontrar minha liberdade.
Ah, falsa e parca liberdade, essa realidade que nos consome os sonhos e nos afasta do que realmente somos. Ah desejo infiel, sem se quer me mostrastes o que realmente foi, aliás, se quer me deu o prazer de conhece-lo, posto que habitavas os meus mais remotos sonhos de antes. Ainda me lembro bem deles, por mais que fossem tão gasosos marcaram de tal maneira a memoria que é quase impossível não senti-los. Dizer quase é única e exclusivamente por ter certeza da presença tatuada na pela, dessas que quando cicatrizadas tornam-se belas e visíveis a qualquer olho, seja ele nu ou maquiado.
Inocentes, tanto quanto o sujeito desse desejo, os sonhos eram desenhados a carvão nas calçadas da fama la dos confins do cerrado. Naquele chão, era possível recolher os restos de muitos sonhos riscados de longas datas, tragados pela chuva que por ali caia todas as tardes. A chuva parecia nos mostrar que os sonhos iam e vinham, mas na sua real potencia sugava os desejos e os guardava numa caixa, talvez como a de Pandora. Ela era como um gênio da lampada, mas sem realizar os desejos, guardava-os ate o dia em que seus desejadores tomassem consciência da grandiosidade dos seus pedidos, ou ainda, do quanto seria possível ou impossível realiza-los
No entanto, não quero falar dos meus amores mal resolvidos ou das decepções amorosas de um jovem apaixonado. E nem dizer das coisas que não fiz e que agora estariam abandonadas. Quero falar enfim, de tudo o que se revela diante dos olhos dos que vivem, das coisas que acontecem no meio do caminho, entre aqui e o acolá. Tentarei ser genérico, mas me perdoem se por acaso cair na minha ignorante retorica sincera de alguém que tenta viver e só.

É incrível como a vida nos causa espanto, essa é a melhor palavra que encontro para descrever o que se passa agora na minha vida.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Assim começa...

Meu 24º aniversário: o ano em que eu encontrei o armário.

Eu poderia começar este enredo, descrevendo quem sou ou como sou. No entanto não me gabo muito dessas coisas, que julgo por demais descartáveis. Mas ainda assim, contrariando meu desejo, acabo por descrever-me na atual circunstância em que me encontro. E que fique bem claro tentarei fazê-la sem que seja muito egocêntrica, apesar de saber bem do fato de alguns me acharem muito dono de mim. Que me perdoem os "achistas", mas se eu não for dono de mim mesmo, por favor, que se apresente o meu proprietário pois ele me deve uma centena de inúmeras explicações. Pois bem comecemos da capo, e sendo assim, para esclarecer mais uma sobre a minha pessoa, não existe armário nenhum. Aqueles que me conhecem sabem bem do que falo, alias sabem tanto que se assustam a tomarem ciência da minha atual situação.
Tudo parece normal se não fosse um único detalhe, com o qual estou lidando desde o primeiro momento da descoberta: os olhos arrebatados dos meus amigos e conhecidos ao saberem da minha gravidez. Meu pai foi o melhor de todos, ficou calado durante um mês. Minha mãe dizia com os olhos estupefatos e inundados de lágrimas - esperava isso do seu irmão não de você – o choro dela escondia um misto de alegria, euforia e talvez medo. Digo talvez porquê ela ainda não acreditava, por mais que tivesse preso nas mãos o resultado do exame. É possível que vocês não tenham compreendido qual o motivo do espanto; eu, um cara de vinte e três anos, recém formado na graduação que queria fazer, com o mundo a ser desbravado, acabava de garantir minha eternidade: que problema haveria ter um filho? Ah ta, não tenho um trabalho certo?!... Enganado quem pensou neste item, mas ele não é … como poderíamos dizer? - consigo ouvir a voz daquele cara que morava nos arredores: Ele não é mocinha? Isso mesmo, por mais que na família faltassem papas na língua para fazerem esta pergunta diretamente a minha pessoa, todos guardavam consigo essa “duvida”.

Bicha, gay, viadinho, o que quiserem, nem me importo, mas por favor respeitem minha maternidade, pois ela esta cada dia mais viva.
Eu estou grávida! Você vê algum problema nisso???