terça-feira, 8 de dezembro de 2009

E eis que de tudo nasce a flor!

Então eu me tornará mulher, havia de fato sido tomada e portanto me elevaram a mais alta patente, experimentei as formas possíveis e alcancei o inatingível: o hibridismo da contemporaneidade. Eu sou, portanto, aquela mulher que para sê-la foi e é bicho e homem, transgredindo os rótulos outorgados por uma noção, digamos, obsoleta – se é que podemos acreditar no senso comum capaz de reger qualquer idéia de noção.
Sendo assim, não quero e nem vou difundir meu fundamento com vocês, sejam bons, amigos e ou conhecidos, pois como disse, são meus e eles jamais caberiam em outro ser pensante. Não insistam por favor, meu desejo aqui é única e exclusivamente dividir o momento que estou vivendo, talvez juntar pequenos pedaços perdidos pelos caminhos e assim pensar sobre a vida. Daí entram vocês amigos, parte importante dessa trajetória, pois ao falar de vida é impossível descreve-la no singular, ela só existe no coletivo.
A mulher-bicho-homem sentiu o cheiro do divino em si, se percebeu além da matéria, entrando em contato com o lado obscuro do ato de viver, o que esta além e, não por obstante, dentro do humano. O fogo do gozo revelou em mim uma possibilidade transformadora, acordou em mim a dança cósmica abafada pelas corriqueiras tentações diárias, o sexo dos mortais despertava Shiva em mim, e ele queria dançar. Esta dança arrebataria os corações petrificados e lançaria golpes capazes de bombardear com novo sopro divino cada um que parasse para me ver, ainda que de longe. Era a metamorfose dos deuses que me habitavam e eles traziam de volta a possibilidade de acordar, com o fogo do discernimento, cada ser que se quer me ouvisse.
Nua eu recebia as pessoas e ali, na sua frente, me travestia, minha genitália desaparecia e num rápido sacrifício me deleitava, estava me assexualizando, e como uma ninfa me entrega para aquela obra onde sexo, prazer e Deus se uniam para me darem a luz. A vida nova me elevaria a redenção e nela eu só poderia existir cercada por outros seres que se aceitavam como verdadeiras criaturas divinas, alem do bem e do mal, que a cima e tudo, assumissem sua vontade amoral e mais sincera, alcançando alto grau de elevação, evolução e liberdade.
Assim, retomando o sexo da postagem anterior, percebi que tudo aquilo não era uma inocente piração minha, pois, com aquela criatura que me havia tomado nos braços e me feito mulher, a quem chamo de semi-hibrida, tive a certeza de que tudo se tratava da mais pura realidade. Realidade esta que escolhi para minha vida e não caberia em outra se quer. A partir de então seriamos marido e mulher, respectivamente, semi-hibrida e eu, Sheyla – o hibridismo in performance.